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Pink Floyd lança clássico ‘The Division Bell’ em disco de vinil duplo

The Division Bell, lançado originalmente em 1994, é mais do que apenas o 14º álbum de estúdio do Pink Floyd — é um testamento emocional e filosófico de uma banda que, mesmo após décadas de reinvenção, ainda encontrava novas formas de explorar os limites da música e da comunicação.

Agora, com sua reedição em disco de vinil duplo de 180 gramas, remasterizado a partir das fitas analógicas originais, este clássico do Pink Floyd retorna com força total, oferecendo uma experiência auditiva rica e imersiva para fãs antigos e novos ouvintes. Este produto já está disponível em seu site oficial, através da Sony Music, pelo valor de US$ 55,99 (cerca de R$ 306 no câmbio atual – Taxas podem ser aplicadas).

Pink Floyd: o contexto de um adeus não declarado

Foto: Sony Music

Gravado entre os estúdios Astoria (o barco-estúdio de David Gilmour) e Britannia Row, The Division Bell foi o segundo álbum do Pink Floyd sem Roger Waters, e o último com a formação de Gilmour, Nick Mason e Richard Wright. Embora o disco nunca tenha sido oficialmente anunciado como o encerramento da banda, ele carrega um tom de despedida — não apenas de uma era, mas também de uma forma de fazer música que priorizava a introspecção e a construção atmosférica.

O título do álbum faz referência ao sino que marca o início de uma votação no Parlamento britânico, simbolizando a urgência da comunicação e da tomada de decisões. Essa metáfora se estende por todo o disco, que aborda temas como incomunicabilidade, reconciliação e o peso das palavras não ditas.

 

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A abertura instrumental Cluster One estabelece o clima etéreo e contemplativo do álbum, com sons ambientais e teclados suaves que evocam um nascer do dia sonoro. Em seguida, What Do You Want From Me traz guitarras mais incisivas e letras que questionam as expectativas em relações interpessoais — uma possível alusão às tensões internas da banda.

Poles Apart é uma das faixas mais líricas e melancólicas, com versos que parecem endereçados diretamente a Roger Waters, misturando saudade e crítica. Já Marooned, vencedora do Grammy de Melhor Performance Instrumental de Rock, é uma peça meditativa que captura a sensação de isolamento e vastidão, com solos de guitarra que soam como gritos silenciosos no vazio.

Outros destaques incluem A Great Day for Freedom, que reflete sobre a queda do Muro de Berlim e as promessas não cumpridas da liberdade, e Wearing the Inside Out, uma rara composição vocal de Richard Wright que trata da reclusão emocional e do desejo de se reconectar com o mundo.

A grandiosidade de High Hopes

A faixa final, High Hopes, é considerada por muitos como uma das obras-primas do Pink Floyd. Com letra escrita por Polly Samson (parceira de Gilmour) e melodia envolvente, a música revisita memórias de juventude, escolhas feitas e caminhos não trilhados. O som de um sino ao final da faixa — o mesmo que abre o álbum — fecha o ciclo com uma sensação de completude e melancolia.

A nova prensagem em vinil duplo de 180 gramas oferece não apenas fidelidade sonora superior, mas também um objeto de arte digno da tradição visual do Pink Floyd. A capa, concebida por Storm Thorgerson e sua equipe da StormStudios, apresenta duas esculturas metálicas em forma de rostos que, vistas de determinado ângulo, formam um terceiro rosto invisível — uma metáfora visual perfeita para os temas de comunicação e dualidade presentes no álbum.

A edição inclui encarte com letras, créditos e imagens adicionais, além de ter sido remasterizada por engenheiros renomados como Doug Sax, garantindo uma reprodução sonora que respeita a intenção original da banda.

The Division Bell pode não ter a mesma aura revolucionária de The Dark Side of the Moon ou Wish You Were Here, mas é uma obra madura do Pink Floyd, introspectiva e profundamente humana. Ele não busca respostas fáceis, mas convida à contemplação — sobre o que foi dito, o que ficou por dizer e o que ainda pode ser ouvido no silêncio entre as notas.

Com sua reedição em vinil, o álbum ganha nova vida e reafirma seu lugar como um dos capítulos mais emocionais e elegantes da discografia do Pink Floyd. Um convite para ouvir — e sentir — com atenção redobrada.

Marcelo de Assis

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