A tão aguardada reunião da banda britânica Oasis, que iniciou neste mês, reacendeu não apenas a paixão dos fãs, mas também uma intensa controvérsia envolvendo a plataforma de vendas Ticketmaster. A empresa está sendo investigada pela Autoridade de Concorrência e Mercados do Reino Unido (CMA), que considera abrir um processo judicial por supostas infrações às leis de proteção ao consumidor durante a comercialização dos ingressos para os shows da banda.
Após 16 anos de separação, os irmãos Gallagher decidiram deixar as diferenças de lado e anunciaram uma turnê de reunião que rapidamente se tornou um dos eventos musicais mais esperados da década. A demanda foi estrondosa: mais de 14 milhões de pessoas tentaram comprar ingressos, resultando na venda de mais de 900 mil bilhetes apenas para as datas no Reino Unido e Irlanda.
Anúncio dos shows do Oasis / Foto: Divulgação
No entanto, o entusiasmo dos fãs foi ofuscado por uma série de problemas durante o processo de compra. Longas filas virtuais, mudanças inesperadas nos preços e falta de clareza nas categorias de ingressos geraram frustração e indignação.
A CMA iniciou uma investigação formal em setembro de 2024, após receber inúmeras reclamações de consumidores. O órgão regulador identificou práticas que podem ter violado a legislação britânica de defesa do consumidor. Entre os principais pontos estão: Venda de ingressos “Platinum” por até 2,5 vezes o valor dos ingressos padrão, sem oferecer benefícios adicionais ou localização privilegiada; falta de transparência sobre a existência de duas categorias de ingressos para a pista, com preços diferentes, mas sem distinção clara no site e ausência de informações claras e oportunas sobre a estrutura de preços, o que dificultou decisões conscientes por parte dos compradores.
“Após considerar cuidadosamente a resposta da Ticketmaster, a opinião da CMA é que há um desacordo fundamental entre a CMA e a Ticketmaster sobre se as práticas da Ticketmaster violaram a lei do consumidor”, disse um comunicado da CMA. “A Ticketmaster se recusou a fornecer compromissos nos termos solicitados pela CMA ou a indicar se há algum tipo de compromisso que ela estaria preparada para oferecer.”
Embora muitos fãs do Oasis acreditassem que a Ticketmaster utilizou um modelo de precificação dinâmica, ajustando os valores em tempo real conforme a demanda, a CMA não encontrou evidências de que esse sistema tenha sido aplicado. Em vez disso, a empresa teria liberado primeiro os ingressos mais baratos e, após o esgotamento, disponibilizado os mais caros — sem avisar previamente os consumidores.
Oasis: a resposta da Ticketmaster e os próximos passos
Em resposta às acusações, a Ticketmaster afirmou ter feito ajustes em seu processo de vendas dos ingressos do Oasis. No entanto, a CMA considerou essas mudanças insuficientes e declarou que há um desacordo fundamental entre a empresa e o órgão regulador sobre a legalidade das práticas adotadas.
Diante da recusa da Ticketmaster em oferecer compromissos formais para corrigir os problemas, a CMA anunciou que está preparando uma ação judicial, caso não haja avanços significativos nas negociações.
A polêmica em torno da venda de ingressos para a turnê do Oasis levanta questões mais amplas sobre a transparência e ética na comercialização de eventos musicais. Muitos consumidores se sentiram enganados e pressionados a pagar valores elevados por ingressos que não ofereciam vantagens reais.
Além disso, o caso pode estabelecer um precedente importante para futuras regulamentações no setor de entretenimento ao vivo. Se a Ticketmaster for processada e condenada, outras empresas poderão ser obrigadas a rever suas práticas comerciais para garantir maior clareza e justiça aos consumidores.
O retorno do Oasis deveria ser motivo de celebração para os fãs e para a indústria musical. No entanto, a controvérsia envolvendo a Ticketmaster adiciona uma camada de tensão a esse momento histórico. A expectativa agora não se limita aos palcos, mas também ao desfecho de uma possível batalha judicial que pode redefinir os padrões de venda de ingressos no Reino Unido.
Enquanto Noel e Liam Gallagher se reencontram com o seu público, os olhos também estarão voltados para os tribunais — onde se decidirá se a experiência dos fãs foi comprometida por práticas comerciais questionáveis.
